SÍNTESE

FN é um arquipélago que desempenha um papel fundamental no processo de reprodução, dispersão e colonização por organismos marinhos em todo o Atlântico Tropical Sul. Por conter uma grande parte da área costeira do Atlântico Sul insular, é um repositório importante para a manutenção da biodiversidade de toda a bacia do Atlântico Sul. Entre outros notáveis características biológicas, o local acomoda a maior concentração de aves marinhas tropicais do oeste do Oceano Atlântico (http://whc.unesco.org), utilizado para a reprodução por onze espécies de aves marinhas. Três instrumentos jurídicos protegem o arquipélago: uma APA, cobrindo os ecossistemas terrestres, principalmente, implementadas em 1986; o PARNA (Parque Nacional Marinho) criado em 1988, com uma área total de 1127 km2; e, desde 2001, a APA, o núcleo e a área de amortecimento do Parque Nacional foram listados como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Apesar dessa relevância ecológica, poucos trabalhos têm sido realizados sobre a comunidade de aves marinhas presentes na colônia. Alguns avistamentos esporádicos e de toque foram relatados (Oren 1982; Antas 1990a, 1990b; SchulzNeto 2004; Sazima et al. 2008). Mais recentemente, a coleta de amostras biológicas foram realizadas em diferentes espécies e forneceu informações cruciais sobre seus nichos tróficos usando análise de isótopos estáveis (Mancini 2013; Mancini et al. 2013).




Um dos desafios restantes é documentar o comportamento espacial das espécies de aves marinhas, dentro e fora do período reprodutivo, utilizando rastreamento eletrônico, a fim de identificar o seu habitat de forrageamento.
Outro desafio consiste em compreender como os motivos de forrageamento utilizados por aves marinhas são determinados pelas condições ambientais e se eles podem se sobrepor com os pesqueiros da pesca local. Esta informação é essencial para projetar ÁPA biologicamente eficazes e socialmente aceitáveis. A obtenção deste tipo de informação é exatamente o objetivo da presente projecto.


Além disso, a principal ilha abriga uma frota pesqueira artesanal de aproximadamente 10 barcos de pesca, utilizam principalmente linhas de mão, com isca viva ou artificial. As principais espécies alvo incluem as espécies pelágicas costeiras (ex. Harengula clupeola) cujas presas são em parte comum com as aves marinhas (peixes voadores, lulas, espécies mesopelágicas, entre outras). Pouco se sabe sobre este tipo de pescaria multiespecífica, em particular a ocupação do espaço no mar, e a interação com as diferentes espécies de aves que vivem no mesmo ecossistema.

Nesse contexto, o principal objetivo desta proposta é fornecer informação crucial sobre a ocupação do espaço no mar por aves marinhas e pescadores desenvolvendo o rastreamento eletrônico de seus deslocamentos e a caracterização dos seus comportamentos no mar.



Referências

Antas, P. T. Z. (1990a) Aves endÍmicas anilhadas no arquipélago de Fernando de Noronha. In: Anais do IV Encontro Nacional de Anilhadores de Aves. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 35-43.
Antas, P. T. Z. (1990) Anilhamento de aves océanicas e/ou migratórias no Arquipélago de Fernando de Noronha em 1987 e 1988. In: Anais do IV Encontro Nacional de Anilhadores de Aves. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 13-17.
Mancini, P.L. (2013) Relações tróficas des aves marinhas tropicais em ilhas ocêanicas do Brasil. PhD, Universidade Federal do Rio Grande.
Mancini, P.L., Bond, A.L., Hobson, K.A., Duarte, L.S., Bugoni, L. (2013) Foraging segregation in tropical and polar seabirds: Testing the Intersexual Competition Hypothesis. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 449, 186-193.
Oren, D. C. 1982. A avifauna do Arquipélago de Fernando de Noronha. Belém: Bol. Mus. Emílio Goëldi, Série Zoológica, 118:1-22.

Sazima, I., Sazima, C. (2008) Occupational hazards: Brown Boobies (Sula leucogaster) as a nuisance to fishermen at Fernando de Noronha Island, with comments on injuries inflicted to the birds. Revista Brasileira de Ornitologia 16, 250-251.
Schulz-Neto, A. (2004) Aves insulares do arquipélago de Fernando de Noronha. In: Aves marinhas e insulares brasileiras: bioecologia e conservação.  (Ed. d. Univali), Itajai, pp. 147-168.

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